Se o condomínio quer dar cara nova ao prédio e os moradores aprovam um toque de modernidade, vale a pena investir no muralismo
O grafite, ou muralismo como é chamado por muitos profissionais da área, geralmente desperta paixões ou críticas. Alguns consideram uma forma de arte, outros uma intervenção que “bagunça” a cidade.
Independentemente disso, não há dúvidas de que é forma de comunicação e de expressão. Mas será que ela poderia ser utilizada para dar um toque moderno ao condomínio?
Primeiramente é preciso lembrar da questão legal. Em São Paulo, por exemplo, onde existe a Lei Cidade Limpa (nº 14.233), as laterais de prédios públicos e particulares até podem receber intervenções de grafiteiros, porém, cada caso é avaliado individualmente e o ideal é que o síndico se informe diretamente com a prefeitura da cidade – ou com a subprefeitura da área – para saber se não haverá problemas.
São Paulo é, inclusive, um exemplo de cidade que tem dezenas de prédios grafitados, sendo muitos dos painéis, obras de artistas famosos mundialmente, como os Gêmeos, Kobra, Alex Senna e outros.
Parte prática – Uma vez que haja autorização da prefeitura para o prédio usar grafite em parte da fachada, é realizada uma parceria entre a administração do condomínio e o grafiteiro, afinal todo o processo precisa ser bem conversado e combinado por ambas as partes, até chegarem a um consenso sobre a arte, a parede que será grafitada, os materiais, pagamentos, subsídios, patrocínio (caso necessário) etc. Além disso, deve haver sempre um termo de compromisso que firme essa parceria.
Naturalmente que uma decisão pouco comum quanto o uso de grafite no condomínio também precisa ser conversada e aprovada pela maior parte dos moradores. O ideal é o síndico realizar uma assembleia e realizar votação.
Um diferencial – Segundo o artista visual Jack Neto, mais conhecido como Leiga, no mercado há 16 anos, o interesse pelo grafite em um prédio residencial ou comercial pode partir de ambas as partes.
“Um síndico pode procurar um grafiteiro para desenvolver uma arte no prédio, ou o artista pode ver uma oportunidade em uma parede vertical e mostrar um projeto interessante. Todo o processo varia de acordo com o artista e a administração do prédio. Não há uma regra.”
O maior motivo da procura dos síndicos e administradoras de prédios é a estética. Principalmente nas grandes cidades, onde a quantidade de prédios antigos é muito maior e, na maioria das vezes, precisam de pintura. Desta forma, o grafite acaba ajudando a esconder a idade do prédio e a trazer um visual mais vivo, interessante e comunicativo.
E apesar do grafite, hoje, ser uma arte muito desenvolvida nas ruas, a maioria dos trabalhos autorizados é feita em prédios residenciais. Barbara Goy é artista plástica e trabalha com grafite há nove anos. Ela conta que nos condomínios comerciais o processo é mais complicado.
“Dentro dos prédios comerciais existem empresas de diferentes segmentos, e isso envolve um trabalho de aceitação muito maior. Em prédios residenciais o processo flui mais tranquilo”, explica.
De forma geral, o grafite tem como um de seus objetivos valorizar a cidade, o empreendimento e as ideias expostas, ou, ainda, é visto como uma oportunidade de mudar o “cinza” das construções entre um prédio e outro.
O que considerar
- Primeiramente é preciso que a maior parte dos moradores concorde com uso de grafite para dar novos ares ao prédio. Uma votação pode ser realizada em assembleia
- O síndico deve se informar com a prefeitura – ou subprefeitura – de sua cidade para saber se não haverá problemas. Normalmente cada pedido é avaliado individualmente
- Pesquise os diversos estilos de cada artista antes de optar por um. A internet ajuda muito a pesquisar. Uma vez escolhido quem fará o grafite, deve-se dar início a uma parceria para definir e ajustar o trabalho até o resultado final