Poucos anos atrás, o síndico profissional Fabrício de Lara Vieira passou a administrar um condomínio com painéis fotovoltaicos. No primeiro contato constatou que a energia solar é limpa, gera economia e é pouco aproveitada. De imediato, o proprietário de duas administradoras que atendem condomínios em Biguaçu, Palhoça e São José passou a incentivar outros empreendimentos residenciais e comerciais nos quais atua a utilizarem o Sol como matriz energética para atender a demanda em áreas comuns.
“Levamos a ideia para outros condomínios nos últimos quatro anos. Há caso de um em que a economia com energia gira próxima de R$ 3 mil por mês desde a instalação. Além disso, os moradores se interessam em cooperar com o meio ambiente. Em assembleias, a instalação dos equipamentos de energia solar tem cerca de 90% de aceitação”, comenta Vieira, responsável pela gestão de 20 condomínios na Grande Florianópolis.
Ao contrário do que alguns podem pensar, o sistema de captação de energia solar não serve apenas para construções novas. A instalação pode ser feita em qualquer condomínio, inclusive em edificações antigas. O custo e a economia de energia, no entanto, variam conforme o espaço disponível à instalação.
“O prédio ser antigo não é problema. A grande questão é a área disponível na cobertura, se tem recortes ou áreas comuns no alto. Nem sempre há espaço para a instalação do total de placas para cobrir todo o consumo, embora ainda possibilite a redução da fatura”, explica Felipe Linden, engenheiro eletricista e sócio de uma empresa do setor de energia.
“O valor do investimento depende do consumo de energia e do local em que for instalado. Com uma fatura de energia e análise do espaço é possível fazer um estudo prévio e prever os custos. Mas, normalmente, o retorno do investimento fica na faixa dos cinco anos”, completa Maria Clara Minella, engenheira eletricista que atua na área de energia solar.
Ainda assim, compensa. Inclusive porque o equipamento tem 25 anos de vida útil. Em caso do pagamento parcelado para a aquisição e instalação do sistema, o valor da parcela é inferior à conta de luz da distribuidora. Ou seja, a quantia economizada cobre o valor do pagamento mensal à instaladora e ainda sobra.
A conta de luz é um dos principais encargos do condomínio por conta da utilização em áreas comuns e incide na taxa condominial. Ainda, na metade deste ano, a Celesc anunciou reajuste de 8% na fatura de energia – neste momento suspenso pela Justiça Federal. O uso de energia solar, além da economia, gera segurança no controle das contas.
Muito sol pela frente
Apesar de todos os benefícios, a energia solar é pouco utilizada no Brasil, em que o clima subtropical é um potencial para uso de energia limpa. A estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é que das 84,8 milhões de unidades consumidoras brasileiras, apenas 171 mil contam com energia solar como forma de abastecimento – representa 0,2%.
Na Alemanha, por exemplo, país europeu em que as condições de aproveitamento do Sol para a geração de energia não são tão favoráveis quanto as brasileiras, o percentual é de 5%. No entanto, os números melhoram no Brasil.
De 30 mil novos sistemas instalados em 2018, a Aneel divulgou que no ano passado foram 95,3 mil unidades a mais, ou seja, o índice quase triplicou. “O Brasil tem uma extensa área territorial e excelente radiação. Há poucos anos que esse tipo de energia começou a se popularizar, mas o aproveitamento ainda é pequeno”, endossa a engenheira Maria Clara.
Além disso, hoje as pessoas têm levado a sustentabilidade em consideração na compra ou aluguel e os condomínios que usam a energia solar ganham preferência. “É um fator que favorece a negociação de imóveis. Identificamos valorização onde foram aplicadas as placas fotovoltaicas”, argumenta Linden.