Síndicos e zeladores redobram atenção com pessoas que deixam porta aberta após passar com cargas ou carrinhos
Portas corta-fogo de escadarias de prédios têm que ficar fechadas o tempo todo. Os síndicos e zeladores sabem, mas a maioria revela que moradores e prestadores de serviço, muitas vezes, “escorregam” nas regras de segurança. Qual o problema em deixar a porta aberta?
Caso ocorra um princípio de incêndio, a fumaça pode se espalhar rapidamente fazendo da escada uma “chaminé” de fumaça preta, que pode sufocar, causar desmaios e até matar quem esteja tentando deixar o prédio. Até mesmo na hora do incêndio, quem passa tem que deixar a porta fechar até que venha outra pessoa. Não deve ser colocado um calço para mantê-la aberta, pois assim a fumaça pode entrar.
As escadarias têm um sistema de ventilação. Muitas pessoas deixam a porta aberta para pegar o “arzinho fresco” que vem da escadaria. Outros colocam algum calço na porta para passar com carrinhos ou cargas e deixam aberta. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Barros, informa que os militares flagram situações como essa com frequência.
“Geralmente, deixam lixeiras apoiando a porta para que a movimentação entre os moradores seja mais ágil ou para ventilar, em especial nos primeiros andares. Não pode fazer isso. Elas têm que permanecer fechadas e as dobradiças trocadas ao longo do tempo, pois a falta de manutenção deixa folgas e a porta tem que fechar sozinha, depois que alguém abriu e passou”, explica o comandante.
No caso do incêndio iniciado no ar-condicionado de um apartamento do Edifício 15 de Novembro, localizado na rua de mesmo nome, ontem (10), as portas corta-fogo precisavam de manutenção, conforme os bombeiros. Mais de 150 moradores deixaram o prédio e alguns saíram somente com ajuda dos militares. Um deles precisou ser intubado, em seguida.
Construídos há mais de 50 anos, os prédios antigos do Centro de Campo Grande se esforçam para se adequar às normas que vieram depois, com uma lei de 2013. “Há muitas regras as quais os prédios não conseguem se adequar por serem muito antigos, mas há, por exemplo, sistemas de alarmes”, explica o comandante.
Vigilância – Antigos ou modernos, os prédios precisam de administradores ou zeladores atentos 24 horas, pois sempre há moradores ou prestadores de serviço que fogem à regra em alguns momentos.
No condomínio Michelangelo, no Bairro Jardim dos Estados, o zelador, Aparecido Lemos, conta que a vigilância é constante para evitar que as portas corta-fogo fiquem abertas nos 25 andares com apartamentos residenciais.
“Nós orientamos corretamente e todos os moradores sabem que a porta deve ficar fechada, mas, de vez em quando, um prestador de serviço ou um funcionário recém-contratado passa com carrinhos e coloca um calço para a porta ficar aberta. Nesse momento, a gente adverte e fecha”, conta.
Ele explica que a cada seis meses é feita manutenção para regulagem e lubrificação das molas que fazem com que as portas se fechem sozinhas.
No condomínio Itamarati, na Rua 14 de Julho, no Centro, o porteiro, Admilson Oliveira, também revela que é preciso ficar atento ao comportamento das pessoas que circulam no prédio comercial.
“Vez ou outra, tem algum desavisado, mas a gente fecha a porta e orienta”, diz.
No condomínio Vertigo Premium Studios, no Centro, a gestora predial, Bruna de Ávila Bassan, da empresa ABL Prime Gestão Condominial, conta que todos os funcionários são treinados para manter a porta fechada e é preciso redobrar a atenção com moradores desatentos ou prestadores de serviço.
“A manutenção para manter as portas funcionando corretamente é feita a cada 30 dias. Elas fecham sozinhas e ainda têm um sistema de pressurização que solta ar pela escadaria quando o alarme é acionado, impedindo que a fumaça entre em casos de pessoas abrindo a porta para deixar o prédio. No entanto, para tudo funcionar, temos que realizar as manutenções preventivas e as rondas diárias para não deixarmos nenhuma porta aberta.”
Sistema de segurança – Quem mora ou circula em prédios têm que saber que além das portas, há outros equipamentos que fazem parte do sistema de segurança. Os prédios têm que ter também moradores treinados para agir em caso de princípio de incêndio. Esses moradores fazem parte da brigada de incêndio.
Também são obrigatórios extintores de incêndio, hidrantes, iluminação de emergência, alarme de incêndio, saídas de emergência, sistema de proteção contra descargas atmosféricas e acesso de viaturas do Corpo de Bombeiros.
Fonte: Campo Grande News