No início do ano, a tarefa mais árdua para os síndicos é ter a previsão orçamentária do condomínio aceita em assembleia ordinária. Em alguns casos, vários encontros são necessários para aprovar o valor das taxas que deverão se pagas ao longo do ano.
A dificuldade começa com o aumento das tarifas básicas. “Há uma resistência, sobretudo neste momento de crise, em aceitar os aumentos percentuais, principalmente do condomínio. No entanto, não realizar o ajuste implica em um aumento ainda maior no ano seguinte e isso pode deixar as contas da gestão no vermelho”, diz Linda Carvalho, síndica profissional.
Os últimos seis meses do ano anterior, somados a inflação indicam de quanto será o aumento no valor dos serviços. Taxas de condomínio, passivos trabalhistas e serviços terceirizados como limpeza e dedetização devem aumentar aproximadamente 11% neste ano, aponta o síndico profissional Valdir Barbosa.
Para chegar nesse número, Barbosa precisou elaborar o planejamento dos condomínios que administra há dois meses. “O ideal é começar em novembro porque muitos fatores devem ser previstos como encargos com o pessoal, que inclui FGTS e PIS. Além das manutenções prediais que são determinadas por lei”, conta.
O condômino inadimplente também tem o seu lugar no planejamento orçamentário. Todo bom gestor coloca na sua lista os inadimplentes crônicos e redistribui os possíveis atrasos nas contas do edifício. Caso os inadimplentes resolvam deixar as contas em dia, o dinheiro vai para reserva.
“O crescimento na inadimplência é um fato e não podemos esquecer disso na hora de organizar as contas. Para evitar que o condomínio demore de receber os valores atrasados, escolho o caminho da negociação, já que a cobrança judicial é lenta”, diz a advogada e proprietária da administradora de condomínio ADCON, Rose Smera.
Mas, mesmo com todas as previsões, os imprevistos também são certos. Por isso, determinar um valor reserva para demandas emergências é fundamental para evitar taxas extras. “Definir pelo menos 10% do total do orçamento para o fundo reserva assegura a saúde financeira do condomínio, e equilibra os aumentos”, explica Barbosa.
Apesar disso, taxas extras não são inesperadas. Rose afirma que manutenções onerosas como, por exemplo, a pintura da fachada, acabam sendo distribuídas nas taxas mensais. “São situações que ocorrem em um intervalo de tempo maior. No caso da fachada, a cada dois anos. Logo, não é rotineiro, mas ainda assim é difícil colocar na previsão orçamentária anual”, reitera a proprietária da ADCON.
Contas de água e energia
O grande desafio nas contas do condomínio já começa no primeiro mês do ano. O verão implica em um aumento significativo nas contas de água e energia. “Essa estação é como um preparativo para as demais. Para não ter surpresas no final do mês, faço um avaliação semanal dos hidrômetros para ver o nível de oscilação é fazer uma projeção”, revela Barbosa.
Conviver com sazonalidade é realmente um desafio. Períodos do ano como fevereiro e julho são os mais temidos, mas com antecedência é possível evitar problemas.
“No período pós-Carnaval e São João as dívidas com as taxas de condomínio aumentam consideravelmente. Isso pode mudar, dependendo do dia em que começa o feriado. Mas se acontece no início do mês, é esperado que os condôminos só paguem depois dos dias festivos”, diz Rose.
Cabe também ao síndico o dever de fazer um retorno público dos gastos durante o ano. Transparência nas contas facilita a negociação dos anos seguintes. Barbosa veicula um informativo a cada três meses, mas é a dinâmica particular de cada condomínio que pode sugerir um intervalo de tempo adequado.
“Elaboro um informativo trimestral porque assim tenho mais informações para divulgar. Essa tarefa faz é a parte final da administração”, diz.
Fonte: aTarde