Especialistas ensinam como sair do lugar-comum e levar personalidade ao ambiente
A lavanderia está destinada aos serviços domésticos, mas é um engano pensar que, por esse motivo, a área deve ser esquecida e tratada, unicamente, como espaço funcional da casa. A arquiteta Nadine Voitille, proprietária e redatora do Clique Arquitetura, explica que um bom projeto consegue fazer a área atender às necessidades usuais de serviço e transformá-la em um cantinho cheio de graça. “A beleza e a função desse local facilitam, e muito, a rotina e nos fazem ganhar tempo para a família, o trabalho e o lazer.”
Para o arquiteto Pedro Grilo, sócio-diretor da CoDA arquitetura, a posição do cômodo é fundamental na criação de um espaço harmônico. “Afinal, não é legal que se veja o varal a partir da sala ou da cozinha.”
Nadine recomenda escolher modelos e tamanhos de máquinas adequados ao volume de roupas lavadas e à quantidade de moradores na casa. O exagero no tamanho dos aparelhos pode carregar o ambiente e ficar desproporcional.
Se for preciso também uma máquina de secar, ela pode estar integrada à de lavar. No caso de aparelhos embutidos, é importante prestar atenção à altura dos equipamentos para evitar desníveis. “Uma máquina maior criará um ‘dente’ na superfície da bancada, o que quebrará a harmonia”, justifica.
Para evitar que a água do tanque escorra no piso e nos móveis, Nadine destaca um recurso: o rebaixo italiano – acabamento sem emendas feito em granitos e silestones. A arquiteta garante que o material deixa o espaço muito charmoso.
A área de serviço virou depósito? A sugestão é setorizar aquilo que está guardado e não é usado, como itens de decoração de Natal e maleta de ferramentas. O importante é deixar tudo no lugar. Se, mesmo assim, o ambiente está abarrotado, Nadine recomenda: “Simplifique sua vida e mande embora tudo aquilo que faz tempo que está guardado e não é usado”.
As paredes brancas, refrescantes, são recomendáveis, mas não obrigatórias. Os tons escuros e fortes são uma opção diferente que deixa a área de serviço marcante. E, mesmo na lavanderia, é possível mesclar os tons neutros com detalhes em cor mais viva.
Para levar vida à área, é uma ótima ideia explorar o verde e, quem sabe, criar uma mini-horta – caso a luz seja suficiente. Podem ser usados vasinhos com cor ou que tenham desenho ou formato diferentes. Cestinhos coloridos e cestos de materiais mais naturais, como a palha, também são bem-vindos.
No entanto, quanto menor a lavanderia, menos decorativa ela deve ser, de acordo com Pedro. Áreas maiores podem comportar jardins internos em vasos e outros adereços. “Há uma grande variedade de acessórios para organização, como barras de pendurar e potes de madeira ou de bambu, que são bonitos, se bem utilizados. Porém, sempre sem excessos”, pondera. Ele sugere o uso de materiais impermeáveis e de acessórios para pendurar.
SOLUÇÕES CHARMOSAS
Transformação digna de um “antes e depois”. Foi esse o caso de um projeto da arquiteta Nadine Voitille. O espaço da lavanderia era um corredor que ligava a cozinha a um depósito. A ideia era manter as máquinas que o cliente tinha, e precisaram ser acomodadas, porque os equipamentos eram grandes. Por isso, os armários foram planejados para ocupar o mínimo de espaço e permitir o fluxo adequado no ambiente.
“Algo que me surpreendeu foi a quantidade de vasinhos com plantas que esse cliente posicionou no parapeito perto das máquinas.” O detalhe, que não foi planejado, conferiu vida e um toque pessoal do proprietário à decoração.
Em um pequeno apartamento de 47m², a limitação de espaço era grande e a ideia de uma lavanderia integrada à cozinha não agradava, como explica Pedro Grilo. “Para mim, não há em uma casa dois ambientes mais distantes funcionalmente. Imagine fritar um bife sobre o seu lençol branco recém-lavado”, comenta.
Assim, a lavanderia foi transformada em um armário. Como as portas eram de correr, o móvel acabou funcionando, também, como painel. Com a proposta, ganhou-se mais um uso para o corredor, que antes era só reservado para a passagem.