Separar o óleo de cozinha é bom para o condomínio e essencial para o meio ambiente
O descarte incorreto do óleo que usamos na cozinha de casa pode ser extremamente prejudicial para o meio ambiente.
Se um litro de óleo entrar em contato com um rio, por exemplo, pode contaminar 1 milhão de litros de água.
Vamos combinar: é a perfeita imagem de desequilíbrio ambiental.
E no caso dos condomínios, o problema é ainda pior. Além do dano ambiental, o descarte errado também gera prejuízos financeiros e transtornos, já que o mesmo danifica e entope as tubulações.
A boa notícia é que a opção por um descarte correto é mais simples do que se imagina e fácil de ser implementada em condomínios.
Os 3 passos para o descarte e coleta de óleo em condomínios
- DESCARTE: para descartar o óleo usado na cozinha é preciso esperar que o mesmo esfrie para, então, o colocá-lo, com a ajuda de um funil, em uma garrafa PET.
- ARMAZENAMENTO: quando a garrafa estiver cheia, o morador deve ser orientado a destinar a garrafa no local estipulado pelo condomínio como ponto de coleta.
- COLETA: atualmente, há diversas entidades – em diferentes regiões – que fazem o trabalho de retirada do óleo de cozinha no local. O condomínio deve buscar firmar uma parceria com uma dessas empresas para que o processo seja devidamente implementado.
O síndico não precisa aprovar em assembleia a coleta seletiva do óleo, mas é interessante aproveitar um encontro do tipo para iniciar a campanha de conscientização sobre o assunto.
“Aproveitar aquela assembleia que decide as vagas de garagem, que tem bastante adesão é uma ótima oportunidade. Chamar uma ONG que fale por 10 ou 15 minutos sobre o assunto já ajuda bastante”, sugere Geraldo Bernardes, diretor de Sustentabilidade Condominial do Secovi-SP.
Como as empresas de coleta de óleo trabalham
“Quem faz o descarte correto transforma um problema em solução. Esse óleo usado, sem nenhuma serventia a princípio, pode virar tinta, verniz, ração para animais e até biodiesel, usado em aviões, além de contribuir com o trabalho dos coletadores”, explica a fundadora e atual presidente da Ecóleo, Célia Marcondes.
A entidade faz a ponte entre os condomínios e os coletadores em todos os bairros de São Paulo. Esses profissionais são cadastrados na ONG e são chamados para ir ao condomínio fazer a retirada, quando o recipiente que guarda, conhecido como bombona, o óleo estiver cheio.
“Há duas formas de guardar o óleo: direto na bombona ou armazenado em garrafas PET dentro da bombona. Nesse caso, as garrafas PET também são recicladas”, conta Célia.
“Além disso, rastreamos o óleo e conseguimos saber para onde foi exatamente aquele produto que estava num condomínio da Vila Mariana, e no que ele se transformou”, exemplifica Célia que também é advogada ambiental.
Atualmente a Ecóleo coleta 2,5 milhões de litros de óleo por mês em São Paulo. A entidade recolhe o dejeto também de outros locais, como empresas e restaurantes.
“Parece muito, mas é apenas 10% do que jogamos fora aqui. Nossa meta é arrecadar 100%”, argumenta ela.
A Giglio é outra entidade que faz o trabalho de retirada do óleo dos condomínios. Dos empreendimentos é cobrada apenas a bombona – cerca de R$ 60 – e o condomínio chama a empresa para retirar o óleo quando o recipiente estiver cheio. O óleo nesse caso também é rastreável.
“A cada bombona de 50 litros cheia, trocamos por 20L produtos de limpeza. Optamos por cobrar o recipiente porque infelizmente demora bastante para que as mesmas se encham”, justifica Adriano Mello, supervisor de coleta da empresa.
Para Célia, é importante que os condomínios busquem parceiros sérios no primeiro momento, não focando a troca como vantagem.
“É importante sabermos principalmente a destinação correta do óleo. É nisso que o síndico deve se focar ao procurar alguém para fazer essa coleta no condomínio”, assinala.
Há casos em que o óleo é doado pelo condomínio para causas específicas.
Em Curitiba, por exemplo, a Arquidiocese local faz esse trabalho de coleta do óleo em condomínios, vende o material para empresas que reciclam e o dinheiro é revertido para as causas locais.
“Nós oferecemos a quem doa esse óleo um certificado de destinação também, para que todos fiquem tranquilo quanto ao que será feito com o produto”, explica Jefferson Moreira, estagiário de engenharia ambiental do projeto EcoSolidariedade.
Vantagens para o condomínio
As administradoras também podem ajudar os condomínios que desejam implantar a coleta de óleo usado.
“Para quem for implantar essa coleta nos condomínios residenciais é importante salientar, além da questão ambiental, os ganhos econômicos para o condomínio”, assinala Fernando Fornícola, diretor da administradora Habitacional.
Fernando ressalta que ações desse tipo devem impactar periodicamente o condômino, ressaltando sempre que o benefício é tanto em prol da natureza como daquela comunidade.
“Deixar claro que o condomínio vai economizar no médio e longo prazo com cuidados com o encanamento e com a limpeza da caixa de gordura ajuda a manter o interesse e a responsabilidade dos moradores no assunto, além, é claro, da contribuição com o meio ambiente, que é fundamental”, argumenta ele.
Como escolher o parceiro
Para ele, também é importante que o síndico escolha um parceiro que não “deixe o condomínio na mão” e faça a destinação correta do dejeto.
“Opte por um parceiro que seja bem-estruturado e que não vá demorar duas semanas para retirar o material”, aconselha Fernando.
Além de fazer as coletas com pontualidade, opte por um parceiro que ofereça a possibilidade de se rastrear esse óleo, dando um fim correto para o mesmo.
“O mais importante é saber que esse óleo não vai contaminar a água e o solo. Pelo contrário: ele estará ajudando a gerar oportunidades”, ressalta Célia da Ecóleo.
Ao entrar em contato com uma entidade, você pode também perguntar sobre outros condomínios que tenham essa parceria firmada. Dessa forma, é mais fácil saber quais os pontos fortes e fracos do parceiro e se o mesmo realmente faz o descarte correto do óleo.
Como envolver mais pessoas
Para dar continuidade à ação de descarte e coleta de óleo, também é interessante e válido montar uma comissão de sustentabilidade para cuidar do assunto, que pode englobar outras ações do condomínio, como coleta seletiva, uso consciente da água e a troca de lâmpadas comuns pelas de LED.
“Se reunindo uma vez por mês e acompanhando resultados como o volume de arrecadação do óleoe de outros materiais, além de comunicar à comunidade sobre esses números e o impacto positivo que isso gera no meio ambiente com certeza incentiva os moradores a seguirem as boas práticas”, conclui Geraldo, do Secovi.
Esse tipo de ação continuada é fundamental para que os moradores não desistam do descarte correto do óleo.
“Percebemos que em locais onde há mais comunicação para os moradores, há maior engajamento”, afirma Maria Antonieta Storimo, gerente da Lirium, entidade que também faz o recolhimento do óleo em condomínios.
Fonte: SíndicoNet