Empresas buscam soluções para o bem-estar dos funcionários e benefícios se voltam para os dois lados
Home office é uma das estratégias adotadas e gera mais qualidade de vida para colaboradores e economia para empresa
Os modelos tradicionais de trabalho continuam servindo como regra, de uma forma geral no mercado, mas cada vez mais dividem espaço com normas mais flexíveis. Existe uma tendência de as empresas aderirem a soluções que buscam um maior bem-estar dos funcionários. O home office é apenas uma das estratégias adotadas, mas outras ações, como as voltadas para o lazer, também já fazem parte do repertório nos novos modelos de trabalho. E não só funcionários saem ganhando, as consequências também se voltam para os empregadores. Se por um lado pesa a questão da qualidade de vida, por outro, a economia é fator primordial. Empresas que conseguem enxergar que uma maior satisfação é sinônimo de produtividade já colhem os resultados positivos.
A qualidade de vida se faz cada vez mais necessária, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o trânsito está cada vez mais complicado. A questão que pesa é que, de uma forma geral, as pessoas chegam pra trabalhar nos mesmos lugares, com a centralização dos locais de trabalho, e mesmos horários, tornando os deslocamentos mais longos e exaustivos. Por isso, a flexibilização se torna uma resposta positiva. “O trabalho remoto é uma excelente opção de flexibilidade, que gera mais qualidade de vida do que apenas ter horários mais flexíveis, por exemplo”, explica Tawan Pimentel, sócio fundador da empresa HOM – Home Office Management, especializada em ajudar organizações a implantarem e gerenciarem novos modelos de trabalho a distância.
Segundo Tawan Pimentel, a tendência de home office só cresce no Brasil. “Neste último ano, notamos um grande crescimento no interesse das empresas em implantar um modelo. Para se ter uma ideia, nos últimos 12 meses realizamos mais visitas e projetos do que se juntarmos tudo que realizamos nos outros quatro anos de existência da empresa”, afirma o sócio fundador da HOM. Para ele, o melhor caminho é implantar o home office parcial, ou seja, as pessoas trabalham parte dos dias da semana em casa o outra parte no escritório. “Se um colaborador pode trabalhar em casa duas vezes por semana e leva duas horas para chegar no trabalho e mais duas horas se deslocando para voltar para a casa, no mês, quer dizer que ele ‘ganha’ 32 horas livres. Com esse tempo ele pode ficar mais tempo com a família, fazer exercícios ou até mesmo descansar. Isso faz uma grande diferença no dia a dia estressante e cansativo das pessoas”, acrescenta.
Para Carla Miranda, sócia da TGI Consultoria e Gestão, o modelo de home office parcial é o ideal. “O trabalho do funcionário faz parte de uma engrenagem como um todo e ele deve ser partilhado. A interação pode agilizar a resolução de problemas e não deixa o trabalhador isolado, ele continua com o sentimento de pertencer à organização. Porém, o fato de poder trabalhar um ou dois dias em casa por semana traz benefícios como não enfrentar o trânsito e perder horas com deslocamento e também fica em casa mais resguardado em relação à violência”, afirma. Mas ela reforça que disciplina é o segredo para fazer funcionar o modelo. “O funcionário deve acordar, tomar café e se trocar como se fosse realmente sair para trabalhar. Além disso, é importante que ele tenha em casa um canto como se fosse um escritório”, acrescenta.
Nem só os trabalhadores ganham com o home office, as empresas também são beneficiadas. “Sem os deslocamentos, os funcionários não se atrasam e, estando em casa, não tem desvio de atenção e eles ficam mais no foco”, pontua Carla Miranda. Além disso, uma maior qualidade de vida pode resultar em um melhor rendimento. “Os colaboradores tendem a ficar mais motivados e menos cansados e aumenta de produtividade. A medida torna-se também um ótimo benefícios para contratar ou reter talentos porque diminui o índice de turnover. E, para a empresa, ainda gera economia com otimização de espaços e diminuição dos custo fixos, gera acessibilidade e aumenta a sustentabilidade”, complementa Tawan Pimentel.
Exemplo
Tawan Pimentel cita o caso da empresa ZAP, cliente da HOM, como exemplo de alcançar resultados positivos com o home office. “O ZAP está aumentando o quadro funcional sem precisar investir em um novo escritório. Se tivesse que alugar mais um andar ou mudar para outro escritório maior, o valor poderia ser muito alto. Com o home office parcial, as pessoas trabalhando duas vezes por semana em casa, o escritório pode ser otimizado em até 40%”, analisa.
As medidas adotadas pelo ZAP pensando no bem-estar do funcionário começam pelo home office, mas não param por aí. “A gente já pensava em home office quando entramos em expansão e precisaríamos de mais espaço. Em três meses, contratamos 100 pessoas. Vimos espaços e talvez o custo disso fosse inviabilizar o crescimento. Então, era hora de unir o útil ao agradável, em uma ação que combina com uma empresa de tecnologia. Começamos a chamar de trabalho remoto, que são até dois dias por semana. Com isso, tiramos os funcionários de duas horas de trânsito de São Paulo e elas aderiram rapidamente, ficaram felizes e está funcionando super bem”, diz Alexandre de Andrade, gerente de Recursos Humanos do ZAP. Ele ainda acrescenta que os resultados são positivos. “As pessoas passaram a declarar que a produtividade cresceu depois que passaram a ter mais tempo para conversar e ficar com a família, estudar e dormir”, completa.
Porém o ZAP adotou outras ações pensando no bem-estar dos funcionários e, inclusive, existe uma área dentro do RH de comunicação interna e endomarketing voltada para isso. A empresa conta com nutricionista uma vez por semana (com 138 atendimentos neste ano), manicure duas vezes por semana (com 227 atendimentos), massagem (que começou em agosto e teve 65 atendimentos até setembro), distribuição de frutas toda quinta-feira e aderiu ao gim pass, plataforma que reúne mais de 14 mil estabelecimentos de atividades físicas no país e paga-se um preço fixo bem mais em conta para ter acesso a todos eles. “Temos essa área específica para pensar na qualidade de vida do funcionário, informar, engajar e cuidar das pessoas”, esclarece Alexandre de Andrade.
Para o gerente de RH do ZAP, todas as medidas se voltam de forma positiva para a empresa. “Quando as pessoas se sentem cuidadas e isso nos mínimos detalhes, elas percebem que isso é um reconhecimento e passa a ter um valor na vida deles muito importante de bem-estar e de se sentirem acolhidas”, ressalta. De uma forma geral, essas atitudes também criam um vínculo maior entre a empresa e o funcionário. “A gente nota que conseguimos um reconhecimento e que o funcionário passa a pensar muito para sair daqui. Tudo isso pesa na hora que eles recebem uma proposta de emprego. A gente sente que existe uma fidelidade maior porque as pessoas procuram lugares para trabalhar onde possam se realizar”, conclui Alexandre de Andrade.
Fonte: ZAP em casa