Profissionais dão dicas de como manter o lar em ordem
José Alberto R bb.odrigues* /Estado de Minas
Prateleiras e gavetas ajudam a deixar o quarto das crianças mais arrumado
Roupas no chão, vasilhas amontadas no armário e brinquedos espalhados pela casa. Pode parecer uma tarefa complicada, mas viver em uma casa organizada, onde tudo fica em seu devido lugar, faz toda a diferença para o bem-estar dos moradores. De acordo com Drica de Castro, personal organizer e presidente da Associação Regional dos Profissionais de Organização e Produtividade de Minas Gerais (Arpop-MG), um ambiente organizado fará com que a mente esteja preparada para focar nas atividades do dia a dia, aumentando a produtividade e diminuindo o estresse de não encontrar algo de que precisa. “Por outro lado, um ambiente desorganizado faz com que o cérebro entenda que há tarefas a cumprir, o que dificulta a capacidade de concentração e causa ansiedade.”
Fabiana Visacro, designer de interiores e psicóloga, conta que o espaço em que a gente vive é o reflexo da fase que a pessoa está vivendo e de como queremos internalizar esse mundo para dentro de casa. “Eu, por exemplo, quando estou sentindo que minha vida está meio bagunçada, quando parece que saiu do trilho e eu quero colocá-la em ordem novamente, a primeira coisa que faço é tirar tudo de dentro das gavetas, dobrar novamente e arrumar. É impressionante como tudo fica mais claro e consigo resolver os problemas”, salienta.
Para quem quer começar a colocar a bagunça em ordem é preciso priorizar os espaços que são mais utilizados na casa, que são os gargalos das residências, de acordo com Fabiana Visacro. “Vamos supor que os ambientes que a pessoa utiliza mais são sala, quarto e banheiro. Então, se esses três ambientes não estiverem organizados, eles roubam o tempo da pessoa e um desgaste de energia incrível que a deixa improdutiva mesmo para outras tarefas”, pondera. A utilização de produtos organizadores auxilia, como cabides, colmeias organizadoras, caixas, cestos e capas protetoras.
CÔMODOS
No caso da sala, por ser o ambiente mais utilizado e mais mutifuncional dentro da casa, devem-se buscar soluções que não atrapalhem o conforto dos moradores. Para Érica Emerick, personal organizer e secretária da Arpop – MG, a primeira ação é eliminar a bagunça de cada superfície horizontal, como o chão e tampos de mesa. “Assim, separar os objetos que devem permanecer nesse ambiente, como controles remotos, livros etc., e avaliar os que devem ficar armazenados ou à mostra. Para os que ficarão guardados, pense em soluções de armazenamento, como gavetas, caixas, malas ou cestos”, propõe.
Outra dica dada por Fabiana Visacro é criar pontos de armazenamento que garantam a total organização do espaço. “Dessa forma, a sala, que sempre é feita para ser acolhedora, fica também prática e funcional. Deixando à mostra apenas o que se pretende destacar.” Um móvel sob medida para abrigar todos os aparatos tecnológicos, como carregadores e fones de ouvido, também pode facilitar o cotidiano.
Dentro dos banheiros, a orientação de Fabiana é trabalhar com armários espelhados de correr. Porque, segundo ela, dessa forma temos um móvel dois em um: espelho e armários. “O fato de ser de correr é para ganhar mais espaço de circulação”, explicita. Outro item é ter nos boxes dos banheiros nichos embutidos na parede. “Dessa forma, você deixa organizados os shampoos e condicionadores sem, no entanto, perder espaço.”
Além de projetar espaços para o armazenamento de produtos e itens, Érika chama a atenção para os produtos que se encontram nos banheiros. “O primeiro passo é conferir a validade de todos os produtos e descartar os vencidos e os frascos vazios. Caso encontre produtos em duplicata, deixe os usados na frente e os novos atrás ou em outro lugar, formando um estoque.” Outra dica é a organização dos produtos de uso diário, como cotonete e pasta de dente, em um recipiente em cima da pia para ficar sempre à mão. Os demais produtos, guarde-os em armários ou gavetas. Uma consideração importante é que não é aconselhável guardar perfumes e remédios no banheiro, pois nesse ambiente há umidade e oscilação de temperatura, que podem comprometer a eficácia do produto.
Na cozinha, a primeira coisa a fazer é separar os utensílios por categoria, como pratos, copos, talheres, panelas, assadeiras, pirex e potes de plástico. “Observe e separe o que você usa mais no dia a dia do que é usado apenas em ocasiões especiais. Para escolher o lugar das coisas, devemos avaliar os espaços disponíveis e pensar na forma como os objetos são usados”, frisa Érika.
QUARTOS
A organização nos dormitórios talvez seja o pesadelo de muita gente, porém, quando se tem foco, o impossível é só questão de opinião. Os armários são essenciais para que a organização ocorra. “Tanto armários fechados (que escondem também a bagunça) quanto nichos abertos. Os criados-mudos são bem legais para garantir a organização. Caso o ambiente seja pequeno, é possível – em vez de ter um criado mesmo – colocar livros empilhados, banquinhos, cadeiras que vão ajudar na organização e ainda vão dar um charme a mais na composição”, diz Fabiana Visacro.
Para Drica de Castro, nem sempre os quartos são os mais difíceis de ser organizados, pois neles encontramos objetos “conhecidos” por nós. “Porém, quando o volume de roupas e acessórios é grande, os quartos costumam ser o cômodo que mais demanda tempo na organização da casa”, afirma. Segundo ela, para organizar um armário ou closet temos que saber quais peças podem ser penduradas e quais devem ser dobradas.
Três perguntas para… Natália Botelho, arquiteta e sócia-proprietária da Botti Arquitetura
1) Qual a importância dessa rotina de arrumação para adultos e crianças?
Ter a casa organizada traz mais calma, deixa a família menos ansiosa e o ambiente com uma energia mais leve e fluida. A arrumação pode fazer parte da rotina de uma forma mais leve, pode tornar-se uma brincadeira e trazer mais interação entre pais e filhos quando feita em família.
2) Em relação aos quartos das crianças, o que se deve levar em conta?
Uma ótima dica é separar os brinquedos por temas em caixas etiquetadas nas estantes ou mesmo dentro dos armários. Ter uma caixa, por exemplo, para super-heróis, outra para legos, outra para carrinhos, outra para bonecas… Ensinar as crianças como uma brincadeira a guardar os brinquedos nas devidas caixas após usarem. Manter as caixas de jogos sempre na vertical, como se fossem livros na estante, para facilitar a retirada e a colocação sem bagunçar também é uma dica valiosa. Na mesa de estudo, ter um potinho para lápis de cor, outro para canetas, outro para borrachas… sempre separados por temas e/ou funções.
3) Como deve ser o design para os pequenos?
Ter algum móvel que possibilite que os livros fiquem próximos às camas, sempre virados com as capas para frente para estimular a leitura. Tentar não misturar a estante de brinquedos na mesma parede da mesa de estudos para que eles não fiquem tentados a brincar quando for a hora do dever de casa. O mesmo para TV, melhor não tê-las dentro do quarto dos pequenos, mas se não tiver outra opção, que ela fique em parede oposta à mesa de estudos. Camas mais baixas e cores de acordo com as idades e tipos de estimulações necessárias também devem ser levadas em conta na hora de projetar o quarto dos pequenos. É interessante que eles tenham acesso com segurança aos itens que utilizam para estimular a independência e devem-se evitar quinas vivas nas marcenarias e ter uma iluminação bem pensada para cada cantinho.
Palavra de especialista: Luisa Blandón, personal organizer
Ambiente limpo desestressa
“A organização no lar gera agilidade, economia de tempo e dinheiro, e harmonia. Esses componentes fazem da convivência um ponto determinante. Os ambientes podem impactar tanto física quanto psicologicamente as pessoas. Um ambiente cheio de tralhas e bagunça gera uma sensação de estresse e cansaço nas pessoas que lá convivem. Agora, um espaço limpo, livre de tralhas e organizado nos transmite a sensação de paz, liberdade, descanso e harmonia física e mental. O principal ponto que destaco é o consumo consciente. Na maioria das vezes, organizando é que percebemos a quantidade de objetos que temos e que não usamos. Desapegar não é um ato fácil, mas pode virar um hábito para termos uma vida mais leve e equilibrada.”
* Estagiário sob a supervisão da editora Teresa Caram
Fonte: https://estadodeminas.lugarcerto.com.br/