Morar em condomínio não deve ser apenas status, é também aprendizado
Por Hubert Gebara *
Condomínios surgiram como uma alternativa de moradia imposta pela falta de espaço que, nas grandes cidades, encareceu sobremaneira o metro quadrado da construção e da residência autônoma, atendendo outras questões como as de segurança, comodidade, convívio social etc.
Em termos de moradia, foi uma importante e nova segmentação. O que surgiu como segmentação passou entretanto a ser o produto básico do mercado imobiliário. E o produto inicialmente típico da magalópole está ganhando as cidades médias e também as pequenas cidades do Interior. A razão é simples: condomínios precisam de terrenos amplos nem sempre abundantes nas grandes metrópoles. Mas isso não tudo: as pessoas estão fazendo uma opção voluntária por essa nova forma de viver, seja onde for. Um em cada dez brasileiros mora atualmente em prédios. No Estado de São Paulo, já são 60 mil o número de condomínios existentes.
Esses dados têm conexão direta com a qualidade das empresas administradoras e com o perfil dos novos condôminos. Condomínios passaram a ser uma verdadeira escola de cidadania para seus antigos e novos moradores. Morar em condomínio significa, por assim dizer, ingressar no “mais alto estágio de cidadão’.
Significa aprender a respeitar e conviver com vizinhos de todos os tipos. Significa ter “bons modos” na assembleia ou na churrasqueira ou na piscina. Significa, em dias de jogo, aprender a conviver em paz com o torcedor do time rival no salão de festas. Aprender a não fazer barulho no interior ou fora da unidade autônoma. Respeitar a vaga do carro alheio na garagem do prédio. Não atirar no jardim a bituca de cigarro pela janela do apartamento. Vigiar aos outros e principalmente vigiar a si mesmo, e muito mais.
Entre os diversos manuais do Secovi, está por certo faltando aquele que trate do que é certo ou errado nessas comunidades. Não um manual de etiqueta mas um manual de savoir faire condominial. Vamos cuidar disso na próxima oportunidade.
Especialmente no interior do Estado, esse aprendizado é vital. Ali está a maior parte dos novos condôminos e marinheiros de primeira viagem. Morar em condomínio passou também a ser um problema de status. Morar ali é como ser um vencedor. É saber viver.