Ao adquirir um lote, é preciso atenção para itens que podem afetar a qualidade do imóvel a ser construído e aumentar os custos da obra
A compra de lotes é um dos grandes negócios oferecidos pelo mercado imobiliário. A oportunidade de construir o futuro lar de acordo com as necessidades do comprador e possibilidades de flexibilização de pagamento são atrativos que circundam o imaginário das pessoas. Muitos compradores e investidores ficaram ansiosos pelo reaquecimento do ramo, principalmente com a redução da taxa Selic e dos juros reduzidos pela Caixa Econômica Federal.
Esse crescimento é confirmado, exponencialmente, com a compra de loteamentos, não somente por grandes empreendedores, mas por pessoas físicas, que desejam obter a sua casa própria. Os loteamentos trazem inúmeras vantagens para quem busca uma moradia própria, como valorização, segurança de investimento, economia, facilidade de pagamento, personalização do imóvel e liquidez, entre outros e, assim, vêm atraindo cada vez mais compradores. Porém, o fechamento desse tipo de negócio exige ainda mais conhecimento e cuidados que o investimento em uma unidade pronta. Para evitar prejuízos e dores de cabeça, é preciso ficar atento.
Imagina-se que quem adquire um lote tem intenção de construir uma casa. A pessoa deve analisar seu estilo de vida e procurar definir quais objetivos pretende alcançar com o novo imóvel, incluindo seu planejamento familiar. “Embora seja conveniente que o imóvel seja customizado, desenhado bem de acordo com o estilo da família, deve ser levado em conta que se trata de um investimento imobiliário que estará sujeito às necessidades do mercado”, pondera Cadu Rocha, arquiteto do escritório Dávila Arquitetura. Devem ser evitados exageros e personalização excessiva que podem desvalorizar o imóvel, dificultando sua venda em caso de necessidade.
Sabendo das intenções a respeito do local, a primeira coisa a ser considerada são as dimensões e as potencialidades do terreno. “A pessoa deve analisar se é possível construir ali o projeto de seus sonhos”, explica Cadu Rocha. Em questões do solo, deve ser verificada a declividade do terreno, já que esses são de mais difícil aproveitamento e construção mais onerosa, além de riscos de deslizamentos. “Bem como verificar a qualidade do solo, se se trata de aterro ou desaterro, se o terreno é alagadiço, a insolação, ventos dominantes e se é um microambiente ventilado”, comenta.
De acordo com o arquiteto, quando se constrói uma casa do ‘zero’, desenvolve-se um programa e uma estética arquitetônica mais identificados com as necessidades e expectativas do proprietário. “Muitas vezes, reformas ficam mais caras do que a construção de uma nova edificação, com o risco de não se alcançar o resultado desejado”, ressalta.
Em imóveis antigos, o arquiteto considera que seja interessante demoli-los, em vez de reformá-los. “O custo da reforma pode ser superior ao de uma nova construção, que ainda manterá muitos vícios ou defeitos indesejados. Inclusive, em termos de sustentabilidade, a diferença não é significativa, pois reformas de edifícios mais antigos costumam demandar muito gasto de material”, pondera Rocha.
Comparado com um apartamento ou casa pronta, trata-se de investimento bem menor. “A construção pode ser feita por etapas, também fazendo o investimento se encaixar na capacidade financeira da família”, afirma. Outra vantagem significativa é que o imóvel construído no local será feito sob medida, de acordo com o gosto de quem está construindo, ao contrário da aquisição de uma casa ou apartamento já prontos.
VIVÊNCIA
Na tentativa de fechar um negócio mais econômico para realizar o sonho da casa própria, o empresário Luiz Renato Barbosa apostou na compra de um lote. “Até estava com a intenção de comprar um imóvel pronto, mas a possibilidade de fazer um projeto de acordo com o meu gosto falou mais alto”, comenta o empresário.
De acordo com o empresário, a possibilidade de quitar o lote em suaves prestação e com juros baixos foi o diferencial que contribuiu para a escolha. “Um imóvel pronto, certamente, demoraria muito mais tempo para pagar. Isso, no caso de encontrar um com a opção de parcelamento. A construção também está sendo feita aos poucos. Pego uma etapa e faço o orçamento, junto o dinheiro e ponho em prática aquela etapa”, afirma.
Para a compra ele consultou um advogado para ver se o contrato estava de acordo e checou na prefeitura possíveis pendências. “Como comprei de uma imobiliária, a questão dos documentos ficou mais fácil de conferir. Mas creio que, se for comprar diretamente com o dono, por exemplo, o cuidado deve ser redobrado. Já vi casos de pessoas venderem o mesmo lote para várias pessoas.”
DOCUMENTAÇÃO
Também é importante verificar a legislação local sobre a possibilidade de construções de maior porte nos lotes vizinhos, que, nesse caso, devassarão visualmente seu imóvel e afetarão outros itens, como ventilação, trânsito local e ruídos etc. Deve ser confirmado o registro cartorial do empreendimento em que está o lote, verificando, por exemplo, a existência de hipotecas ou dívidas relacionadas ao terreno. “É bom também analisar a idoneidade dos empreendedores, pesquisando e até mesmo visitando outros empreendimentos por eles realizados. Isso permitirá, inclusive, conferir a qualidade da execução das obras, o que pode indicar a confiabilidade do que será feito no novo loteamento”, aconselha Cadu Rocha. É interessante recorrer a escritórios de advocacia, que podem prestar assessoria jurídica no momento da aquisição, apoiando a verificação dos documentos e registros relacionados ao imóvel.
NOVOS BAIRROS
Quando se trata de loteamentos em bairros que estão “nascendo”, o arquiteto pontua a importância de conhecer o projeto e saber como é o planejamento do local para ter uma visão de futuro em relação à sua morada e ao que está por vir. “Deve-se tomar muito cuidado também com os acessos viários, que devem existir previamente à construção do loteamento e chegar até a sua entrada. Também é importante que a infraestrutura básica seja toda entregue com o lote, incluindo água, esgoto, energia, asfalto e até mesmo calçadas”, aconselha.
Além disso, é importante verificar se já existem comércio e serviços de conveniência, como saúde, educação e lazer, incluindo áreas verdes. De acordo com Cadu Rocha, as áreas verdes oferecem um microclima favorável ao lote, reduzindo o ruído urbano, oferecendo ar puro e conforto visual. “Ao mesmo tempo, é bom que o lote adquirido não fique tão próximo de equipamentos que possam gerar movimento excessivo, incômodos e ruídos”, finaliza.
Fonte: Lugar Certo